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Tecnologia
para a eficiência
O mercado de produtos para deficientes cresce e estimula as empresas a desenvolver soluções para a inclusão digital
Anamárcia Vainsencher
O mercado de produtos para deficientes cresce e estimula as empresas a desenvolver soluções para a inclusão digital
Anamárcia Vainsencher
ARede nº69 Maio/2011 - No último censo demográfico publicado, o de 2000, cerca de 25 milhões de brasileiros se declararam portadores de deficiência (15% da população total). Por áreas, aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20 milhões estavam nas zonas urbanas, 5 milhões nas rurais. A menor proporção de portadores de deficiência (13%) era a da região Sudeste; a maior, a do Nordeste (17%). Por tipo de deficiência, a maior parte era portadora de problemas visuais; em segundo lugar, as que declaravam portadoras de deficiência motora. Em seguida, vinham as pessoas com deficiências auditiva, mental e física. Em 2000, havia 148 mil pessoas cegas no Brasil. Aproximadamente 2,4 milhões declararam ter grande dificuldade de enxergar. O levantamento apontou mais de 166 mil brasileiros com incapacidade de ouvir, e quase 900 mil com grande dificuldade permanente de audição.
Em 2006, um estudo da Federação Brasileira de Bancos (“População com deficiência no Brasil. Fatos e percepções”) concluía que “investir em acessibilidade é dar oportunidade, é promover a inclusão social”. E que acomodar amplamente as diferenças antropométricas é permitir que pessoas de diversos padrões ou em diferentes situações possam interagir sem restrições com o ambiente. Motivo plausível para que um número cada vez maior de empresas se voltasse a atender o nicho de mercado representado pelos deficientes.
Essa é a razão da existência da ReaTech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade, cuja 11ª edição se realizou em abril, na cidade de São Paulo. Dedicada, segundo os organizadores, “ao fortalecimento de um mercado que praticamente não existia há dez anos e que, em 2010, movimentou R$ 1,5 bilhão”.
Fundada em 1996 por Claudio Sindicic e seu irmão surdo Renato Sindicic, a Koller desenvolve e comercializa produtos e serviços de comunicação e sinalização especial, como relógios, despertadores, sinalizadores e telefones para surdos (TTS – Terminais Telefônicos para Surdos, no Brasil, e TDD – Telephone Device For the Deaf), nos modelos público, residencial e corporativo. Em 1997, começou a fornecer esses telefones às operadoras de telefonia que, com a obrigação de cumprir a Lei de Acessibilidade das pessoas com necessidades especiais (Lei 10.098/00), passaram a instalar equipamentos em locais públicos como escolas, hospitais, rodoviárias. A Koller tem entre os parceiros o CPqD, e passou a ser empresa incubada no Centro de Inovação Tecnológica, da USP, em 2003.
A Central de Atendimento ao Surdo (CAS) está implantada em grandes empresas como Ache, Gol, TAM, Porto Seguro, Sadia, Wyeth, e instituições financeiras como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Citicard, Itaú, Nossa Caixa, Real-Santander, entre outras.
A empresa também distribui mouses especiais da Madentec. Um deles, o TrackerPro, possibilita o controle do computador com o movimento da cabeça. Um pequeno ponto adesivo, aplicado na testa ou óculos do usuário, detecta os movimentos e os transforma em deslocamento do cursor na tela do computador. Destina-se a pessoas com dificuldades motoras que não conseguem controlar o mouse. Já o Pretorian, da Orbitrack, é um mouse sensível ao toque que dispensa movimentos de mãos e pulsos e para acioná-lo basta o toque de um dedo. O equipamento executa as funções de clique, duplo-clique e arrastar, e tem duas entradas para a conexão de acionadores externos, equivalentes às teclas direita e esquerda do mouse. Acionadores são equipamentos destinados à acessibilidade ao computador e a outras atividades. Do ponto de vista elétrico, um acionador é uma chave de contato momentâneo normalmente aberto, como um botão de campainha. Tem design apropriado para diferentes utilizações. Da Tyco EloTouch, a Click comercializa um monitor LCD 15 ou 17 polegadas com tela de toque integrada.
O IntelliTools Classroom Suite compõe-se de três programas baseados nos princípios do desenho universal para a aprendizagem. Têm a finalidade de auxiliar os alunos em matemática, leitura e escrita. Suas ferramentas incorporam modelagem multimídia, animação e suporte auditivo. As telas do IntelliTools Classroom Suite constituem uma ferramenta pedagógica de largo uso para os professores. O conjunto tem o IntelliPics Studio, editor multimídia que permite a criação de múltiplas atividades que incluem desde livros de colorir, estórias ou jogos e apresentações com animação e show de slides. As figuras são elementos centrais no IntelliPics Studio: mais de 300, prontas para uso imediato. As figuras estão organizadas em 15 categorias, entre as quais alimentos, mobilidade, natureza, pessoas, animais.
Mais um integrante do conjunto é o IntelliTalk, editor de texto integrado a um sintetizador de voz, que transforma qualquer texto do computador em mensagem falada. O software permite aos estudantes combinar gráficos, texto e fala para melhorar as habilidades de escrita e comunicação. A interface do programa é em inglês, porém pode ser usada facilmente, pois a maioria dos comandos tem ícones de acesso e a síntese de voz é em português (do Brasil). Quanto ao IntelliMathics, é dedicado ao ensino da matemática e possibilita criar atividades de acordo com o nível de exigência de cada aluno ou da turma toda. As operações matemáticas viram divertidas brincadeiras com objetos, animais e outros elementos que facilitam o aprendizado dos conceitos matemáticos básicos. Mais: o professor tem à disposição objetos do tipo blocos, base-dez, barras de fração e tangrans. Traz vários exemplos de atividades, envolvendo as quatro operações, classificações e conjuntos, probabilidades, geometria e outros conceitos matemáticos.
Os produtos Attainment e Zygo são vocalizadores, recurso eletrônico de gravação e reprodução que ajuda a comunicação das pessoas. O usuário expressa pensamentos, sentimentos e desejos pressionando uma mensagem adequada pré-gravada. As mensagens são acessadas por teclas sobre as quais são colocadas imagens (fotos, símbolos, figuras) ou palavras, que correspondem ao conteúdo sonoro gravado. A maioria dos vocalizadores grava as mensagens digitalmente e a capacidade de gravação varia de um aparelho a outro. Em qualquer vocalizador o conteúdo gravado em cada célula (tecla) é reconhecido por meio de figuras ou textos aplicados em pranchas de comunicação que ficam sobre as teclas. Quando a tecla de cada figura ou texto é pressionada, sua mensagem pré-gravada é imediatamente reproduzida e com volume ajustável.
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